EDSON ARAN (2009)
O humor de Edson Aran na composição de seu personagem Wagner Krupa é dotado de um sarcasmo contagiante. Concordo com Ivan Lessa que o autor é “diferente de tudo o que você já leu. Em qualquer língua.”
Prostitutas cibernéticas, cigarro desnicotinizado, cerveja com vitamina C, mutantes sem-teto, holoTV e tantos outras idéias futuristas que tornam história bastante prazerosa. Li o livro inteiro imaginando se as putas cibernéticas – se reais – poderiam conceder prazer realmente; de que serviam os cigarros desnicotinizados; e que era brilhante a idéia da cerveja com vitaminas, era uma não-compensação digna das ilusões capitalistas; holoTVs e holofonemas eu cheguei a imaginar-me velha tentando aprender a usar, com meus netos.
A história toda se passa em Shopping City 22, uma das cidades-shoppings conhecidas como cidades-cubos, um verdadeiro feudo capitalista. Morar dentro de um Shopping gigantesco, vários andares, lojas, holoTVs e o que mais for necessário para manter um micro-país dentro de São Paulo.
O livro me pareceu aquelas grandes idéias que temos no bar, depois da décima terceira cerveja, e que no dia seguinte já não lembramos. Mas, se lembradas, estas idéias valem livros, ou coleções inteiras de livros. Realmente recomendo o “romance em 4 tempos”, principalmente seus detalhes que de forma alguma podem passar despercebidos.
Não imaginei que ficaria tão extasiada com a história. No fim de tudo acabei percebendo que não é Delacroix que escapa das chamas, o tempo todo quem escapa é Edson Aran.
Por: Lilian Alcântara
PS: São Paulo,2068. Enquanto a cidade é disputada por narcotraficantes e monarquistas, os ricos se isolam em shoppings verticais. Enquanto isso na França um Aiatolá radical manda queimar todos os quadros do museu do Louvre. Quando leiloa uma das supostas obras que sobreviveram ao fogo, o crítico de arte Wagner Krupa mergulha em um turbilhão de confusões. Essa obra de ficção trata de um futuro, mas não deixa de refletir sobre o passado e o presente.
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