quinta-feira, 5 de julho de 2012

Bons Livros......(71)



O ESTRANHO MUNDO DE ZÉ DO CAIXÃO
Rubens F. Lucchetti e Nico Rosso   (1969)

No Brasil dos anos 1960, José Mojica Marins inaugurou o verdadeiro cinema de terror nacional e nos apresentou o seu personagem de horror, no caso, o Zé do Caixão, que já se integrou ao imaginário popular brasileiro.
Em janeiro de 1969, foi publicada a primeira revista em quadrinhos do Zé do Caixão, que se chamava O Estranho Mundo de Zé do Caixão, tinha 52 paginas e era feita em formato 21,5 x 30,5 cm, trazia uma historia em quadrinhos e uma fotonovela por edição e, diferente de outras produções do gênero, não era uma cópia das HQs estrangeiras de terror.
Mas, quem o convenceu a adaptar o seu personagem para os gibis foi Rubens F. Lucchetti, que era roteirista dos filmes de Mojica e um dos maiores escritores brasileiros de quadrinhos de terror de todos os tempos. Junto com o desenhista Nico Rosso (italiano radicado no Brasil), deram vida a estas primeiras historias do Zé do Caixão, que foram publicadas pela pequena editora paulista Prelúdio. A ideia de Lucchetti era utilizar o folclore e os mistérios brasileiros para, assim, criar o primeiro quadrinho de terror totalmente nacional.
O gibi do Zé não se resumiu apenas à brasilidade, mas também a inovação na linguagem dos quadrinhos. Isso ocorreu porque foi o primeiro gibi no mundo a utilizar fotografias com os desenhos de Rosso, criando, assim, uma narrativa visual única para época. A ideia de fazer isso surgiu da mente genial Lucchetti.
Algo que chamou atenção nesta publicação de terror foi que, diferente de outras da mesma época, era vendida em formato luxuoso a dois cruzeiros novos, enquanto que a maioria das revistas era vendida a 60 centavos. Mesmo com este preço salgado, a censura impôs que este gibi só poderia ser vendido ensacado. A primeira edição vendeu 15 mil exemplares, a segunda vendeu 29 mil (que esgotou rapidamente), a terceira edição vendeu 32 mil e a quarta vendeu a incrível marca de 35 mil.
Com estas vendas altíssimas, outras editoras se interessaram em comprar os direitos que pertenciam ao Mojica, que os vendeu sem o conhecimento dos autores da publicação. Com a venda para uma nova editora, no caso, a paulista Dorkas, os criadores da revista desistiram do projeto. Nas mãos deste grupo, a revista tornou-se um fracasso de vendas por causa de modificações desastrosas que a transformaram em mais uma publicação qualquer de terror. Por conta disso, só teve dois números. Com o cancelamento, Mojica decidiu voltar para a Prelúdio, mas não pode usar o nome do título, porque a Dorkas detinha os direitos da obra e, por isso, o modificou. Ao Invés de O Estranho Mundo de Zé do Caixão, renomeou o gibi como Zé do Caixão no Reino do Terror. Esta nova empreitada, também, só durou dois números e não chegou a vender nem 20 mil exemplares. Muitos atribuem este fracasso a falta de periodicidade, a mudança no título do gibi e, principalmente, a falta dos roteiros de Lucchetti e dos desenhos de Nico Rosso.
Fonte: O Maldito: A vida e o Cinema de José Mojica Marins (1998), escrito por André Barcinski e Ivan Finotti da Editora 34.

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