Marcelo Guido: Jornalista Formado pela católica de Brasília. Professor. Inconformado com muitos e compreendido por poucos. Observador do mundo cotidiano e com opinião (nem sempre abalizada), estudioso de musica, literatura marginal,quadrinhos de horror, e cinema (com paixão por filmes tipo B) tentando ser um bom pai pra Lanna e um bom marido pra Marina.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
O MATADOR DO ROCK
THE KILLER
Jerry Lee Lewis é um dos poucos pioneiros do rock que ainda está por aí. Elvis Presley, embora “muitos não admitam isso” (a turma do ‘Elvis Não Morreu!’), viajou em 1977. Bill Haley também se foi ainda no início dos anos 1980. Carl Perkins, o homem que moldou o rockabilly (”Blue Suede Shoes”) partiu em 1998. Roy Orbison teve uma sobrevida digna ainda nos anos 1980, mas não teve tempo de saborear a fase, pois faleceu em 1988. O gigante Fats Domino (em todos os sentidos) sobreviveu ao furacão Katrina e já passou dos 80 anos, mas não se apresenta em público há tempos, ao contrário da lenda do blues, B.B King. Fora os que morreram no auge da mocidade, como Buddy Holly (em acidente de avião em 1959, que vitimou também Ritchie Valens e Big Bopper).
Mas do tripé primitivo do rock restam apenas três, coincidentemente, os mais elétricos e mais “desencapados” de todos eles: Chuck Berry, Little Richards e ele, o endiabrado pianista do rock and roll, Jerry Lee Lewis, que completa 76 anos hoje.
Lewis nasceu em 29 de setembro de 1935, na Lousiana (USA), de uma família apreciadora de música, e desde cedo esteve influenciado por música evangélica e country. Teve a sorte de ser apoiado em sua musicalidade pelos pais, que chegaram a hipotecar a casa para comprar-lhe um piano, que ainda criança tocava, com técnica e estilo inéditos. A grande virada musical ocorreu quando conheceu e se apaixonou pelo jazz feito pelos negros americanos.
Em 1955 gravou duas músicas para uma rádio local, I don’t Hurt Anymore e If I Ever Needed You I Need You Now, ambas versões aceleradas de clássicos de blues-country. As músicas viraram hits locais da noite para o dia e chamaram a atenção do empresário Sam Philips que procurava artistas brancos capazes de domesticar e vender a música negra. Sam Philips foi o responsável pela descoberta também de Elvis Presley.
Após alguns meses de pequenos hits a explosão ocorreu com o lançamento da visceral Whole Lotta Shaking Going On, logo seguida por Great Balls Of Fire, Breathless e High School Confidential, todas convertidas em sucesso extraordinário de vendas. Além disso, relançou também clássicos de blues e country com o seu tempero e ‘pegada’ especial. Logo começaram a lhe chamar pelo epíteto de “The Killer” (o matador), pois no palco era um ciclone martelando furiosamente as teclas do piano, que no auge de alguns desvarios era incendiado. Em sua vida pessoal fazia jus à fama de durão envolvendo-se em brigas e confusões frequentes.
Lewis prosseguiu com relativo sucesso lançando um ou outro hit até meados de 1958. Embora se costume associar o seu declínio com a rejeição do público ao seu casamento com a prima Myra Gail Brown, de 14 anos, a realidade é que estava ocorrendo nesta época o fim da carreira meteórica dos artistas da primeira fase do rock and roll e o surgimento de novos nomes.
Após um longo período de ostracismo em meados da década de 1960, Lewis começou a voltar à ativa dando mais ênfase ao lado country de seu estilo. Sua imagem nos anos seguintes foi bastante desgastada por frequentes escândalos envolvendo espancamento de suas mulheres, morte de seus dois filhos em um acidente de carro, problemas com alcoolismo, brigas e diversas operações no estômago e infartos cardíacos. No palco, porém continuava apresentando a mesma performance explosiva, apesar dos problemas pessoais e da idade.
Em 1985 chegou a ficar em coma e teve o estômago extirpado em virtude de uma úlcera que nunca se curou. Em 1996 sofreu o seu terceiro ataque cardíaco, mas continuou tocando como antes. Em suas próprias palavras: “Há apenas um Jerry Lee Lewis e isto aqui vai ser um mundo muito triste quando eu tiver morrido”.
A carreira de Jerry Lee Lewis foi divertidamente retratada (com alguns exageros e omissões) no filme Great Balls Of Fire (A Fera do Rock). Imperdível.
Jerry Lee é respeitado por muita gente do mundo musical. Dos Rolling Stones a Eric Clapton e boa parte da geração dos sessenta, que sem a figura legendária do “The Killer” não teria apimentado o blues, o folk, o country e o próprio rock and roll.
Muitos anos de vida ainda, velho e endiabrado Jerry!
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