quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Bons Livros...(43)





MAUS


ART SPIEGELMAN (1986)

Maus é um livro sobre o Holocausto. Calma!, não comece a reclamar agora que esse tema já foi muito utilizado. Art Spiegelman recria o ambiente da Segunda Grande Guerra, baseado nos relatos de seu pai, um judeu-polonês sobrevivente dos campos de concentração. Mas não é um livro comum, é uma HQ (história em quadrinhos), um “gibi” que ganhou o Prêmio Pulitzer de Literatura de 1992. Um dos atrativos do livro é a metáfora – ao estilo George Orwell em Revolução dos Bichos, ou seja, os agentes da história são retratados como animais. Os judeus são ratos (Maus em alemão), e os alemães, gatos. O animal acossado acredita que já vive no pior dos mundos e não acredita que o algoz pode ser ainda pior (em A Noite de Ellie Wiesel esse fato se repete), mas a história, ainda que triste, já é bastante conhecida. Ter sobrevivido a Auschwitz, mesmo para um pequeno rato, é uma façanha memorável. Mas quem sobreviveu? O homem de antes da guerra talvez tenha morrido e transmigrado para o rato dos campos de concentração e nunca mais tenha conseguido reverter o processo... Art Spiegelman ao narrar o processo de criação do livro, como tomou as notas de seu pai, as dificuldades de gravação etc, acaba por fazer, sem qualquer pretensão, um retrato dos traumas do pós-guerra. As manias, os medos, a desconfiança acabaram por fazer parte da vida dos perseguidos. Isso sem contar a saudade dos entes perdidos, a solidão, a vida que poderia ter sido...

Ps:Maus ("rato", em alemão) é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art. O livro é considerado um clássico contemporâneo das histórias em quadrinhos. Foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, Maus ganhou o prestigioso Prêmio Pulitzer de literatura. A obra é um sucesso estrondoso de público e de crítica. Desde que foi lançada, tem sido objeto de estudos e análises de especialistas de diversas áreas - história, literatura, artes e psicologia. Em nova tradução, o livro é agora relançado com as duas partes reunidas num só volume. Nas tiras, os judeus são desenhados como ratos e os nazistas ganham feições de gatos; poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto.

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