quinta-feira, 19 de abril de 2012

Massa...



Tatuador do Sepultura e professor da USP decifram logotipos do metal
Pouco antes do lançamento do álbum “Arise”, em março de 1991, os integrantes da banda de metal Sepultura procuraram o tatuador Bozó, de Belo Horizonte, para bolar uma marca para usar no miolo do CD. Procuravam um “símbolo tribal” que “representasse a banda”, segundo o guitarrista Andreas Kisser. O resto ficou na mão do ilustrador. 
A inicial “S”, transformada numa sequência sinuosa de vértebras e espinhos emaranhados, virou um dos maiores símbolos do metal brasileiro. Estampou todos os discos seguintes, bandeiras, camisetas e bíceps de entusiastas do grupo.
Assim como o Sepultura, outras bandas de metal capricham na hora de criar suas marcas. Basta dar uma olhada no line-up do festival Metal Open Air, que começa nesta sexta (20) em São Luís (MA), para ter uma ideia. Letras das quais saem chifres, serifas com ângulos que lembram lâminas de espadas... Tem espaço para tudo.
“Provavelmente essas referências são motivadas na relação da proposta da música, que leva ao universo de demônios, bruxaria, etc”, diz o professor Luciano Guimarães, da ECA-USP. “Há uso direto ou variações da tipografia medieval gótica e algumas vezes desenhos inspirados na escrita celta.”
“A marca é a tradução visual da banda”, diz Daniel Trench, professor de análise gráfica da ESPM. “No caso do heavy metal, essas marcas circulam muito em meios não musicais: camisetas, tatuagens... Se o símbolo do Megadeth fosse escrito em fonte Helvética, definitivamente não teria a mesma graça”, diz, em reverência a uma das fontes mais populares atualmente.


Bozó oferece algumas dicas para quem busca inspiração. “Para criar uma boa marca, você tem que conhecer o som, escutar a música da banda enquanto está criando”, diz o mineiro, que já recebeu clientes estrangeiros para tatuar o “S” com seu inventor em pessoa. Gravar a marca em seu estúdio, no tamanho de um palmo, custa até R$ 700.
“Acho que quanto mais simples, melhor. O logo do Sepultura chega a ser complicado demais, com aquele monte de ossos”, diz seu criador, que se declara fã dos símbolos usados pelo Metallica e Raimundos.

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