sexta-feira, 29 de julho de 2011

Bons Livros.....(24)


ULISSES

JAMES JOICE(1922)

Dublin, Irlanda. O enredo intrincado e poético, espécie de "reinvenção" do personagem mítico de "A Ilíada" e "A Odisséia", do poeta cego Homero, possui inúmeros personagens e cabe no cotidiano de um dia: 16 de junho de 1904, precisamente em dezoito horas. Tudo gira em torno de Stephen Dedalus (Telêmaco) e o casal Leopold Bloom (Ulisses) e Molly (Penélope).

(No poema grego, Ulisses, casado com Penélope, deixa-a e o filho, Telêmaco, lançando-se numa jornada durante dezoito anos. Somente ao retornar é que Penélope deixará de fiar, desfiar e refiar, bordar, desbordar e rebordar sua teia, sem ceder aos apelos dos inúmeros pretendentes à sua mão, depois derrotados por Ulisses e seu filho.)

Leopold Bloom é judeu e trabalha como agenciador de anúncios para jornal, é livre pensador de cultura mediana, mas de infinita admiração pelo que supõe ser cultura, é infeliz no casamento e tem uma filha, Milly (já desperta ao sexo). É discriminado por sua delicadeza e urbanidade de trato, por sua ascendência — ora é irlandês, ora judeu, ora estrangeiro, ora cidadão do mundo, suspeito e segregado. A tristeza recorrente em sua vida, e na da esposa, é o filho varão natimorto, personagem que como rima reaparece na mente de ambos, ausência presente que impediu a felicidade do casal.

Molly é aquela que podia ou teria querido casar melhor, é a que amou o esposo e não sabe se deixou de amá-lo, é a que o trai imaginariamente, é a que, no devaneio, recapitula amores, recapitulados também pelo esposo. A contagem do casal não coincide: ela não conta os quase-casos, ele os conta em parte, mas omite, ao que parece, alguns reais casos. Molly é humaníssima — Gea Tellus, a Terra Fecunda, a Terra-Mãe —, fora educada para ser dona-de-casa, mas falha nas tarefas.
No decorrer do dia, Stephen Dedalus e dois colegas, albergados nas ruínas de uma torre à beira-mar, debatem temas essencialmente teológicos e teleológicos. Depois, Stephen dá uma aula de história a garotos e recebe um salário. Caminha por uma praia, ruminando os pensamentos e ''lendo'' a marca de cifras, símbolos e signos nas coisas e seres. Entra em cena Bloom, matinal, ''conversando'' com a gata, preparando o desjejum da esposa, antegostando o seu. Sai e perambula por Dublin, a cidade personagem. Chega à casa de um amigo morto, cujo enterro acompanhará. Na redação do jornal, assiste a parte de um diálogo brandido por uns intelectuais presentes, Stephen, inclusive, mas não se conheciam. Vai, a seguir, almoçar, e peregrina em busca de local adequado. Depois, ruma para uma consulta à biblioteca central, e continua suas andanças pelas ruas, temeroso de voltar cedo para casa. Detém-se num bar e ouve músicas e árias que o inebriam. Passa por uma taverna, visita um hospital, participa de uma comemoração improvisada entre médicos, estudantes e visitantes, inclusive, Stephen, impressionando-se pelo verbo deste, vendo-o endinheirado e quase bêbado, o que o preocupa. Iniciam um relacionamento interafetivo, em que todas as falhas de cada um, se juntam no convívio de algumas horas do dia, até que o novo amigo chega a dividir o leito interconjugal do casal. Ao final, Molly, antes de redormir, recapitula o dia e parte de sua vida, num fluxo psíquico, entre lúcida e ilúcida, num derramamento monologal que constitui o clímax do romance.

PS: Marco da literatura moderna, digo isso porque Ulysses e uma das leituras mais rock in roll que conheço.
Romantismo elevado a ultima potencia.
Leitura boa, mas não muito fácil.

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